sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Entre assobios e palavras

Pode ser que ligar cada pontinho do meu caderno com palavras tenha algum significado especial, mas sei lá...

Final de tarde de sexta-feira, último dia da semana e estamos todos cansados. Pobres trabalhadores que correram atrás do pão nosso de cada dia a semana e o dia inteiro, e eu ainda tinha mais uma dia/noite de aula pela frente... Ah sexta-feira...
Todo aquele saculejo do ônibus, sacode pra lá, balança pra cá, treme daqui e cai de lá... Todo aquele ritmo arritimado que só quem vive sabe.
No fundo um assobio me chama a atenção, tão afinado, fazendo trêmulas no final de cada nota... E a ia suavemente soando majestosamente no meio daquele cenário.
Láláláláláaa láláláláláa láláláaaa láláláaaa ... tão suave, ia pensando... láláláaaalá láláláláaaalá... tão bonito! Olho pro lado uma paisagem nunca antes vista da cidade, linda como nunca tinha reparado, lá do alto, todo esplendor desse cidade que eu nunca gostei! E a música com grande estilo ia se tornando a trilha sonora dessa descoberta.
De repente começa, ali, logo no banco de trás, cantarolar as primeiras palavras da canção:
- Meu coração, não sei porque, bate feliz, quando te ver....
Ahhh, que espetáculo! Ele agora revezava assobios e palavras... E eu ia viajando naquela melodia como se nunca tivesse escutado antes... tão bela!
Por ser que tudo não passe de ponto de vista, pode ser que minha visão de mundo tenha mudado, pode ser tanta coisa, pode tudo, pode ser nada, inclusive amor...
É amor... Um amor que nunca tinha sentido antes, novo, aterrorizante... Um amor que dói demais porque tenho que deixar de lado outras coisas de lado, mas sem dúvida nenhuma um amor bem maior do que todos os outros amores da minha vida.
É um amor bem diferente, amor pela meta que coloquei na minha vida e que hoje posso até chamar de sonho. Um sonho mais encorpado e bem mais poético, como aquela velha canção...
Hoje, justo hoje, tudo parece bem mais bonito!
Colhendo o que eu plantei...
Sei que de todas as sementes podres e mortas no passado na maioria delas ainda nascerão as mais belas flores!
Escutando: Carla Bruni - L´amour

1 comentário:

Anónimo disse...

No meu caso, a trilha sonora sou eu que faço, fico cantando umas coisinhas estilo tribal house laaa no meu pc, rindo as vezes das milhoes de contas que tenho que fazer... e acho o maximo essa coisa de "estou trabalhando". ë a melhor poesia e remédio que encontrei até agora para certas inquietudes. Tava ali, tao simples, tao calmo...pode ate ser com o mesmo tom do assobio, enfim... cultivando algo que não é tao efemero assim...
Beijao!